Santander reformula estrutura corporativa e terá 5 negócios globais | Finanças – Finanças Global On

Santander reformula estrutura corporativa e terá 5 negócios globais | Finanças

O banco espanhol Santander anunciou uma grande reformulação global. Agora, em vez de dividir a operação em regionais geográficas, a estrutura será baseada em cinco verticais de negócios. A ideia é reforçar a integração dentro do grupo e ajudar a atingir os objetivos de crescimento estabelecidos para 2025. A princípio, nada muda para o Brasil. Pode ser que, com o passar do tempo, os chefes das verticais de negócios ganhem mais poder, ofuscando um pouco os líderes regionais, mas as operações locais continuarão sendo tocadas pelos CEOs de cada país.

A presidente-executiva do Santander, Ana Botín, afirmou que trata-se de um passo decisivo para alinhar o modelo operacional das áreas de varejo e banco comercial e de consumo à estratégia global. “Sabemos que aproveitando nossa combinação única de escala global e liderança local, oferecemos melhores serviços aos clientes e crescemos de forma rentável. Estamos convencidos de que isso será positivo para os clientes e nos permitirá progredir mais rapidamente e cumprir todos objetivos que estabelecemos”, disse em comunicado.

O Santander já tinha três verticais globais: “wealth management” e seguros, liderada por Víctor Matarranz; corporate & investment banking, sob o comando de José Linares; e pagamentos, que está subdividida em duas, a PagoNxt (que em 2021 assumiu o controle da credenciadora brasileira Getnet), chefiada por Javier Félix, e Global Cards, dirigida por Matías Sánchez. Agora, está criando outras duas verticais: varejo e banco comercial, sob a batuta de Daniel Barriuso; e financiamento ao consumo digital, com José de Mora.

A reformulação do Santander se assemelha a um plano anunciado na semana passada pela CEO do Citigroup, Jane Fraser. Na maior reestruturação do gigante bancário americano em duas décadas, ela reorganizou a empresa em cinco negócios principais e eliminou os chefes regionais que supervisionam as operações em cerca de 160 países. Segundo a “Bloomberg”, assim como no Citi, fontes dizem que no Santander as mudanças também podem envolver cortes.

Desde o início deste ano o Santander tem um novo CEO, Hector Grisi, e algumas mudanças importantes aconteceram na liderança, como a saída de António Simões, que comandava as operações europeias, e a contratação de Christiana Riley, ex-Deutsche Bank, para chefiar a América do Norte. Ainda assim, quem toma as decisões mesmo é Botín. Em 2018, o banco chegou a anunciar Andrea Orcel como CEO, mas desistiu meses depois em meio a discordâncias do executivo com a presidente.

Pelo menos inicialmente, a expectativa é que as mudanças não afetem muito as operações do Santander no Brasil. De certa forma essa divisão em verticais já vinha acontecendo e o exemplo mais claro é o da Getnet, que foi retirada da bolsa e, depois que foi assumida pela PagoNxt, foi levada para diversos outros países onde o grupo atua. Em 2021, o banco anunciou a saída de Sérgio Rial do comando da operação brasileira — o nome dele também chegou a ser cotado entre os possíveis candidatos a CEO global — e a entrada da Mario Leão, a partir de 2022, com Carlos Rey assumindo simultaneamente como chefe da América do Sul.

Em fevereiro, quando realizou seu Investor Day global, o Santander anunciou uma série de metas, tanto para o grupo como um todo como para algumas filiais, inclusive a brasileira. Para o conglomerado, o banco anunciou o objetivo de chegar a um retorno sobre o patrimônio tangível (ROTE) de 15% a 17% em três anos (2023 a 2025). Também quer chegar a 200 milhões de clientes e ter expansão anual de receita de 7% a 8%. O Santander prevê que seu custo de risco ficará, em média, em 1% de 2023 a 2025.

A meta para o Brasil é aumentar a base de clientes ativos em 15% entre 2023 e 2025 e melhorar o índice de eficiência em 1,0 ponto percentual. Os objetivos podem se mostrar bastante desafiadores, já que o banco não passa por um bom momento no país. Quando Rial saiu, a rentabilidade (ROE) era de 20% e o lucro trimestral estava em R$ 3,9 bilhões. Um ano e meio depois, Leão divulgou no segundo trimestre deste ano lucro de R$ 2,3 bilhões, com retorno de 11,2%. Questionado se o ROE um dia voltaria para a casa dos 20%, ele admitiu que isso vai levar algum tempo.

Héctor Grisi, CEO do Santander  — Foto: Divulgação
Héctor Grisi, CEO do Santander — Foto: Divulgação

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