Planalto atua em várias frentes para tentar conter nova crise com Lira | Política – Finanças Global On

Planalto atua em várias frentes para tentar conter nova crise com Lira | Política

O Palácio do Planalto entrou em campo para conter a escalada da nova crise com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Na terça-feira (16), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, conversou por telefone com o parlamentar do PP. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou a alguns interlocutores que poderia chamar Lira para uma reunião quando retornasse da viagem à Colômbia, mas não há data.

Lula e sua comitiva desembarcam nesta madrugada em Brasília, por volta das 2 horas.

Lula também está irritado com o presidente da Câmara pelos ataques a Padilha. Na semana passada, o presidente fez defesas reiteradas ao ministro da articulação política. Afirmou que ele ocupa o cargo mais difícil da Esplanada, e que “só por teimosia”, vai continuar na função por muito tempo ainda.

Enquanto Lula não entra em campo para acalmar Lira pessoalmente, o governo fez movimentos paralelos para botar panos quentes na crise. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), deu declarações públicas de que Lira pode indicar quadros para a vaga de superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas. O antigo titular do cargo, César Lira, é primo do chefe do Legislativo, que reclamou a aliados que ficou sabendo da exoneração do apadrinhado pelo Diário Oficial da União (DOU), conforme informou o Valor.

Na terça-feira, Teixeira afirmou que Lira tinha conhecimento da substituição do primo, a pedido de representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e de lideranças da agricultura familiar. O indicado de Arthur Lira ocupava o cargo havia três anos, e era considerado um quadro ligado ao “bolsonarismo” na avaliação do MST.

“Ele [Lira] poderia nos apontar uma pessoa que sob o nosso critério pudesse continuar a dirigir o Incra em Alagoas”, disse Teixeira em entrevista ao portal Uol. “Foi um gesto que fiz para com ele, se ele quisesse oferecer nomes, a gente ia analisar”, continuou. “O que a gente pediu é um perfil que possa dialogar com a agricultura familiar e com os assentamentos”, completou.

 — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
— Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Contudo, Lira disse a aliados que interpretou a demissão de seu primo do Incra como um gesto de retaliação às suas declarações na semana passada, quando desferiu novos ataques ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Após o resultado da votação na Câmara que manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes – desfecho que o deixou contrariado -, Lira foi a público chamar Padilha de “desafeto” e “incompetente”.

Segundo interlocutores, Lira fez os novos ataques a Padilha porque, logo pela manhã, no dia da votação sobre a manutenção da prisão de Brazão, o ministro tornou pública, por meio de emissários, que o governo trabalharia para que o plenário confirmasse a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que decretou a prisão preventiva do parlamentar fluminense. Por isso, o resultado da votação foi interpretado como uma derrota de Lira e uma vitória do governo.

Após a notícia da demissão de seu primo do comando do Incra em Alagoas, Lira reuniu os líderes partidários da Câmara e elaborou uma “pauta bomba” para impor uma série de derrotas ao governo na Casa. O projeto contempla a instalação de comissões parlamentares de inquérito (CPI) e a votação de um projeto que eleva a punição de quem invadir terras, tendo como alvo o MST.

Diante dessa reação, Rui Costa telefonou para Arthur Lira para tentar acalmar o presidente da Câmara. Lira já disse a aliados que considera Costa e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seus dois principais interlocutores no governo, já que não dialoga com Padilha.

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