Morgan Stanley vê maior rigor em ESG como positivo para títulos | Finanças – Finanças Global On

Morgan Stanley vê maior rigor em ESG como positivo para títulos | Finanças

A reação nos Estados Unidos contra as estratégias de investimento que incorporam questões ambientais, sociais e de governança (ESG) tem levado emissores a serem mais meticulosos ao classificar os títulos, uma mudança positiva para o setor de dívida ética de US$ 6 trilhões, de acordo com o Morgan Stanley.

“Até certo ponto, alguns emissores dos EUA estão mais apreensivos por causa da resistência”, disse Melissa James, vice-presidente de mercados de capitais globais do banco de Nova York. Segundo ela, sem freios, o segmento teria criado “muita espuma”, destacando que agora “o mercado está amadurecendo.”

O crescente ceticismo sobre a validade dos investimentos ESG nos EUA – alimentado em grande parte por líderes republicanos – faz com que investidores repensem como incorporam fatores de sustentabilidade em seus fundos de renda fixa. Agora, menos gestoras dizem que a sustentabilidade é um objetivo do fundo, de acordo com uma pesquisa do HSBC realizada de 31 de maio a 24 de junho. Enquanto isso, outras mantêm a estratégia, mas evitam a sigla “ESG”, de acordo com um levantamento no segundo trimestre com cerca de 300 usuários do terminal Bloomberg.

O chamado “greenium”, que se refere à vantagem de preço que empresas podem obter ao buscarem financiamento no mercado ESG, evaporou em grande medida em meio à pressão política, o que afetou as vendas dos títulos nos EUA. Companhias levantaram cerca de US$ 31 bilhões em títulos ESG denominados em dólar neste ano até 17 de agosto, uma queda de 53% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“O ‘greenium’ é bastante modesto, mas ainda vemos um interesse muito forte na dívida classificada como ESG que está bem estruturada”, disse James.

O Morgan Stanley participou de cerca de 3,4% dos US$ 531,7 bilhões em títulos sustentáveis emitidos por corporações e governos neste ano, tornando-se o sétimo maior subscritor desse tipo de dívida, segundo dados compilados pela Bloomberg. A instituição tem um “pipeline razoável” de potenciais emissores de primeira viagem que buscam novas ofertas, disse James.

“Alguns deles podem vir neste ano e há um pipeline mais forte além, olhando para 2024”, disse James, que supervisiona as iniciativas em ESG da divisão global de mercados de capitais.

As vendas globais de títulos verdes, a maior categoria de dívida sustentável em valor, estão em alta neste ano. O BNP Paribas, o maior subscritor dos títulos, prevê um 2023 recorde para esses produtos, o que James diz ser uma possibilidade.

A emissão de títulos atrelados à sustentabilidade — SLBs na sigla em inglês, um tipo de instrumento muito criticado por investidores — também se recupera. Os SLBs vinculam os pagamentos de juros aos objetivos ambientais ou sociais de uma empresa. Os rendimentos dessas transações podem ser usados para financiar praticamente qualquer coisa, desde que os emissores se comprometam a cumprir certas metas ESG, conhecidas como indicadores-chave de desempenho, ou KPIs.

“O interesse existe desde que os KPIs sejam percebidos como suficientemente ambiciosos e haja integridade na estrutura”, disse James. “O selo SLB vai sobreviver. Na verdade, está emergindo como o instrumento de transição de fato.”

O Morgan Stanley aconselha clientes a publicarem suas estruturas de sustentabilidade com antecedência para que detentores de títulos tenham mais tempo de revisar os documentos, que geralmente detalham as metas de sustentabilidade do emissor e os projetos elegíveis que podem ser financiados com os rendimentos dos títulos, disse James.

Vendas imediatas, ou ofertas que normalmente são anunciadas e concluídas em um dia, geralmente encontram menos demanda atualmente, mas ainda podem atrair investidores em certos casos, acrescentou James, que está no Morgan Stanley há mais de 30 anos.

“Dada a necessidade contínua de descarbonizar a economia real, vemos o financiamento sustentável como uma boa maneira de sincronizar os objetivos corporativos gerais de uma empresa com suas metas de financiamento”, explicou James.

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