Satélite sino-brasileiro vai monitorar meio ambiente, planejamento urbano e desastres | Brazil China Meeting – Finanças Global On

Satélite sino-brasileiro vai monitorar meio ambiente, planejamento urbano e desastres | Brazil China Meeting

No ano passado, Brasil e China embarcaram em mais uma missão espacial conjunta. Trabalhando em parceria há mais de 30 anos, desenvolverão seu sétimo satélite de monitoramento. Ao contrário dos anteriores, que tinham equipamentos ópticos para imageamento, o CBERS-6 terá a bordo uma tecnologia mais avançada. Será um radar capaz de fazer imagens mesmo em condições meteorológicas adversas. Elas não sofrerão interferência de nuvens ou dependerão da luminosidade do sol. O satélite radar, com fibra SAR (Synthetic Aperture Radar), emite ondas eletromagnéticas que colidem com a Terra e são refletidas de volta, gerando as imagens.

O acordo foi firmado entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o chinês Xi Jinping, em abril. Em novembro, pesquisadores do Instituto Nacional de Ciências Espaciais (INPE), instalado em São José dos Campos, SP, foram à China acertar a missão, e cientistas chineses devem vir para cá em breve. Os outros satélites desenvolvidos em conjunto são os CBERS 1, 2, 2B, 3, 4 e 4A.

Ao Brasil caberá o desenvolvimento do módulo de serviço. Isto é, a parte que monitora o satélite, a fim de averiguar se está tudo funcionando como previsto, e fazer o apontamento dos locais que se deseja analisar, além de fazer o controle térmico e gerar energia para o satélite. Em resumo, vai dar todo o suporte para o equipamento. A China desenvolverá o módulo de carga útil, onde fica, por exemplo, o radar, os instrumentos que fornecem as imagens.

Por questões estratégicas, a cooperação bilateral não prevê a troca de tecnologia. “O objetivo é construirmos juntos e utilizar juntos o satélite”, diz Adenilson Roberto da Silva, coordenador geral de Engenharia, Tecnologia e Ciência Espaciais do INPE. Na opinião dele, o acordo é excelente. O Brasil poderá usar um satélite de radar, com tecnologia avançada, pagando metade do que ele custaria. E vai fornecer um modulo que já foi validado, um conhecimento adquirido com o satélite Amazônia 1.

O custo de desenvolvimento da parte espacial do satélite – que não inclui os equipamentos em solo, entre eles antenas e processadores– será dividida. Cada país investirá US$ 50 milhões. Segundo o coordenador do INPE, é o satélite mais barato que pode ser feito. Em geral, facilmente o custo de um satélite ficaria em US$ 200 milhões. “A impressão é de que se trata de investimento absurdo. Mas o espaço requer tecnologia de ponta”, diz ele. Um único equipamento, entre os vários necessários, pode custar 15 milhões. Neste estágio de desenvolvimento da parte espacial, há cerca de 50 pessoas trabalhando no projeto no INPE. “Neste ponto a missão não requer muita gente, mas as pessoas precisam ser muito especializadas”, afirma Silva.

O acordo prevê que ambos os países vão compartilhar a responsabilidade de “cuidar” do satélite quando estiver em órbita. Isto é, monitorar o equipamento, quando passar por suas antenas terrestres, para checar se está tudo correndo bem a bordo e fazer a programação para monitorar áreas de interesse. Os países farão um rodízio de cerca de seis meses de duração cada. O Brasil tem antenas localizadas em Cuiabá (MT), Alcântara (MA) e Cachoeira Paulista (SP).

O uso do satélite em si será feito diariamente pelos dois países. Com capacidade para fazer imagens de qualquer ponto do globo terrestre, a prioridade será a análise de áreas do Brasil e da China. Mas, sob demanda, poderá ser usado para monitorar outros locais em casos de grandes catástrofes naturais, de situações de desastre.

Para o Brasil, não existe apenas um único destino de mapeamento. Além de imagens ambientais, é possível analisar o planejamento urbano e desastres, entre outros. “A lista de aplicações é enorme”, afirma Silva. A previsão de lançamento é 2028 e a vida útil do CBERS-6 está estimada em cinco anos. Mas essa é apenas a garantia. O tempo de funcionamento do CBERS 4 era de quatro anos, mas ele está há nove em órbita. Só para se ter uma ideia, um satélite de coleta de dados deve entrar em breve para o livro Guinness de recordes. Com vida útil estimada de dois anos, continua em operação 30 anos depois.

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