FT: Novo Nordisk e Eli Lilly devem enfrentar novo rival na corrida contra obesidade | Empresas – Finanças Global On

FT: Novo Nordisk e Eli Lilly devem enfrentar novo rival na corrida contra obesidade | Empresas

Outras farmacêuticas ainda poderão “ganhar” a corrida no mercado de tratamento da obesidade, em rápido crescimento e dominado pela Novo Nordisk e Eli Lilly, diz o presidente-executivo da companhia de biotecnologia Zealand Pharma, Adam Steensberg.

A afirmação ocorre depois de uma alta de 100% no preço da ação da Zealand no último ano, com os investidores comprando o papel graças ao potencial de seus medicamentos contra a obesidade.

Os produtos em desenvolvimento pela Zealand terão de competir com os populares Wegovy e Zepbound, já no mercado e fabricados pela Novo Nordisk e Eli Lilly, respectivamente, que suprimem o apetite.

No entanto, Steensberg observa que sua empresa, que uniu forças com o grupo farmacêutico alemão Boehringer Ingelheim há mais de uma década para desenvolver um medicamento para a perda de peso que hoje se encontra em fase final de testes, quer firmar parcerias com outros grupos para futuros tratamentos, em vez de se vender para uma grande companhia.

“Não estamos interessados em pessoas interessadas em recuperar terreno… Trata-se de unir forças com alguém que tenha uma estratégia de como vencer a obesidade”, disse ele ao “Financial Times”. “Acho que é um grande equívoco dizer que outros estão muito atrasados. Isso é apenas o começo.”

Uma série de apoios de celebridades e o sucesso dos tratamentos da Novo Nordisk e Eli Lilly transformaram os medicamentos em grandes sucessos, provocando uma escassez de oferta.

Isso mostrou-se lucrativo para as empresas. Resultados de testes em novembro mostrando que o Wegovy reduz o risco de morte em 18% ajudaram a Novo Nordisk, maior farmacêutica europeia em valor de mercado, no ano passado.

Com mais produtos chegando ao mercado nos próximos anos, analistas do Goldman Sachs afirmam que o mercado de medicamentos para a perda de peso poderá crescer de US$ 6 bilhões para até US$ 100 bilhões até o fim da década.

Apesar da liderança da Novo Nordisk e da Eli Lilly, Steensberg acredita que há espaço para outras empresas desenvolverem produtos para a perda de peso. “Há 220 doenças que podemos associar à obesidade… No futuro, novas opções serão necessárias”, diz ele.

O entusiasmo dos investidores com a Zealand surge num momento em que os grupos farmacêuticos tentam seguir a Novo Nordisk e a Eli Lilly no lucrativo mercado de tratamento da obesidade.

A companhia suíça Roche adquiriu a desenvolvedora de medicamentos contra a obesidade Carmot Therapeutics por US$ 3,1 bilhões no mês passado, enquanto a AstraZeneca assinou em novembro um acordo de licenciamento de US$ 2 bilhões com a Eccogene, uma fabricante chinesa de um medicamento contra a obesidade de uso oral.

Em dezembro, a concorrente americana Pfizer abandonou os planos de produção de uma pílula para a perda de peso de uso oral que deveria ser ingerida duas vezes por dia, depois que testes mostraram efeitos colaterais significativos.

A Boehringer e a Zealand também estão testando seu tratamento para a perda de peso survodutide, um medicamento (chamado de agonista do peptídeo 1 ou GLP-1), semelhante ao glucagon. É parecido com o Wegovy, por sua eficácia no combate à NASH, uma doença crônica do fígado que se estima afeta até 6,5% dos adultos nos Estados Unidos.

A Zealand espera cerca de 10% em royalties com as potenciais vendas do medicamento para perda de peso. A companhia, avaliada em US$ 4 bilhões, também está desenvolvendo tratamentos alternativos – baseados em um hormônio chamado amilina – que proporcionam uma sensação de saciedade depois de comer, em vez de suprimir o apetite.

“Os GLP-1 reduzem o apetite. Você chega a um bufê e percebe que não conseguirá comer nada por que não está com fome. Essa não é a experiência muito agradável. A amilina atua na saciedade. É uma maneira diferente de induzir um menor consumo de calorias”, diz Steensberg.

Ele afirma que os testes iniciais do medicamento sugerem que ele poderá alcançar uma perda de peso similar, com redução de efeitos colaterais como vômitos, náuseas e prisão de ventre, associados aos GLP-1, e isso está deixando os investidores mais entusiasmados.

“Em um ano, provavelmente 20% a 30% dos usuários dos GLP-1 abandonam esse tratamento em razão dos efeitos colaterais”, diz Steensberg. “Mesmo tendo pacientes com uma boa experiência, um medicamento não serve para todos.”

Novos resultados positivos nos testes poderão provocar um maior interesse pela companhia. Um banqueiro que acompanha o setor diz que o tratamento de amilina da Zealand é “um dos mais avançados” em desenvolvimento e isso fará da companhia um alvo interessante de aquisição.

(Tradução de Mario Zamarian)

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