Lula diz que a Vale “nada fez para reparar destruição” em Brumadinho | Política – Finanças Global On

Lula diz que a Vale “nada fez para reparar destruição” em Brumadinho | Política

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou em seu perfil no X (antigo Twitter) a demora na reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG). A crítica é feita no momento em que o presidente estaria tentando emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como presidente da mineradora.

O rompimento da barragem há exatos cinco anos causou a morte de 270 pessoas, sendo duas gestantes, e o despejo de rejeitos que afetaram 26 municípios da região do Rio Paraopeba.

Na rede social, Lula afirmou: “5 anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”.

A Vale assinou em fevereiro de 2021, juntamente com o governo de Minas Gerais, Defensoria Pública, Ministério Público do Estado e Ministério Público Federal no Tribunal de Justiça de Minas Gerais um acordo de reparação no valor de R$ 37,68 bilhões, que inclui o pagamento de indenizações e ações de reparação aos atingidos e ao meio ambiente. As ações têm previsão de conclusão até 2030. Recentemente, a Vale informou que já realizou 68% do acordo. Procurada, a Vale não quis comentar a fala do presidente.

Há uma expectativa que até o fim do mês o conselho de administração da Vale se reúna para decidir se reelege Eduardo Bartolomeo para o cargo de CEO. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Lula está determinado a colocar o ex-ministro à frente da companhia. E, conforme noticiou o colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, o ministro de Minas e Energia tem telefonado para acionistas para pressionar pela indicação.

Por trás desse movimento, dizem fontes, estaria o desejo do presidente de ter mais controle sobre o plano de investimentos da empresa e outras decisões cruciais da Vale. Além disso, a nomeação seria uma forma de compensar Mantega pelo que o presidente, o PT e aliados classificam como perseguição sofrida pelo ex-ministro durante a Operação Lava-Jato.

Mantega foi acusado de receber propinas para a aprovação de medidas provisórias em 2008 e 2009, quando era ministro da Fazenda. Ele chegou a ser preso em 2016 quando acompanhava a esposa em uma cirurgia para tratamento de um câncer em um hospital em São Paulo. Posteriormente, em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou todas as decisões contra o ex-ministro no âmbito da Lava-Jato, em um procedimento semelhante ao que beneficiou Lula e permitiu que ele concorresse à Presidência em 2022.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG) também se solidarizou às vitimas de Brumadinho na rede social e disse que o governo não descansará até os envolvidos serem responsabilizados. “Iniciei meu trabalho à frente do MME pautando minhas ações por uma mineração séria, segura, que reduz os impactos nas comunidades. E tivemos importantes conquistas, como a instituição da PNAB (Política Nacional dos atingidos por Barragens), que garantirá os direitos dos atingidos. Não descansaremos até a responsabilização dos envolvidos”, afirmou o ministro.

A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) também criticou a falta de julgamento do caso na justiça. “5 anos do maior crime socioambiental e trabalhista da história do país! Foram 272 pessoas mortas e um rio afetado. Depois desses 5 anos, ninguém foi preso, a legislação ambiental foi desmontada e o poder político das mineradoras só aumenta”, disse em postagem.

Mais cedo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), citou a tragédia na rede social. “Não há reparação para a dor dos familiares das 272 joias perdidas em Brumadinho. Seguimos junto às famílias na luta por justiça para que tragédias como essa não aconteçam mais. A busca pelas 3 joias ainda desaparecidas continua”, afirmou Zema.

Lula — Foto: Ricardo Stuckert/PR
Lula — Foto: Ricardo Stuckert/PR

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