Dólar e taxas de Treasuries disparam após ‘payroll’ forte; bolsas de NY têm impulso de balanços | Finanças – Finanças Global On

Dólar e taxas de Treasuries disparam após ‘payroll’ forte; bolsas de NY têm impulso de balanços | Finanças

O dólar reverteu a tendência de queda vista no início da manhã no mercado internacional e passou a subir com força, assim como os rendimentos dos Treasuries, que também sobem. Os movimentos se deram após a publicação do relatório oficial de empregos dos Estados Unidos, o “payroll”, que veio bem acima das estimativas do mercado e teve seus números de dezembro e novembro revisados para cima. O resultado elevou os temores de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa adiar ainda mais os cortes nos juros.

Por volta de 13h05 (de Brasília),o índice DXY, que mede a relação do dólar com uma cesta de seis moedas de países desenvolvidos, tinha alta de 0,78%, a 103,858 pontos

Na renda fixa, a taxa da T-note de 2 anos subia para 4,370%, de 4,213% no ajuste de ontem. Já o retorno da T-note de 10 anos avançava de 3,878% a 4,038%, voltando para cima do importante patamar de 4%. Já o yield do T-bond de 30 anos subia de 4,121% a 4,238%.

Enquanto isso, em Wall Street, o Dow Jones tinha queda de 0,10%, a 38.484,50 pontos, e o S&P 500 subia 0,63%, a 4.937,20 pontos. O Nasdaq tinha alta de 1,12%, a 15.533,28 pontos.

Os dois últimos índices são sustentados pelos balanços de big techs divulgados entre ontem e hoje As ações da Meta, dona do Facebook, disparam mais de 20%, depois que a companhia reportou lucro três vez maior no quarto trimestre do que no mesmo período do ano anterior.

Publicado mais cedo, o relatório do payroll mostrou que os EUA criaram 353 mil empregos em janeiro e dezembro, resultado acima das 333 mil vagas revisadas de empregos abertas em dezembro. O número ficou bem acima da estimativa de economistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 185 mil vagas.

Os números de novembro foram revisados em alta de 9 mil vagas, de 173 mil para 182 mil, enquanto em dezembro foram adicionadas 117 mil vagas, indo de 216 mil para 333 mil. Já a taxa de desemprego permaneceu estável em 3,7%, pelo terceiro mês consecutivo.

“No geral, o mercado de trabalho parece estar mais firme do que o sugerido há apenas um mês. Além do sólido número de empregos criados, as novas vagas foram registradas em todos os setores em janeiro”, destaca Sarah House, economista do Wells Fargo.

Segundo ela, o relatório de hoje reforça a opinião de que um corte nos juros em março não está na mesa. “Os cortes virão este ano, mas acreditamos que será necessário até a reunião de maio para que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) chegue a um consenso de que a inflação está numa trajetória sustentável para 2%”, diz.

Nesse cenário, para Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, o mercado de trabalho aquecido, a inflação subjacente persistente e a comunicação recente do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que citou a necessidade de reunir mais evidências de que a inflação estaria convergindo para a meta para começar a flexibilizar a política monetária, corroboram a visão de que o ciclo de corte de juros nos EUA deve começar no terceiro trimestre deste ano.

“No entanto, reconhecemos que existem chances de um corte no segundo trimestre caso o núcleo da inflação, medido pelo PCE, surpreenda nas próximas divulgações e venha abaixo do esperado”, disse.

Os economistas da Capital Economics também enxergam cortes apenas no segundo semestre. “Com o crescimento do emprego e dos salários tão forte em janeiro, o panorama geral por agora é que os mercados já não estão convencidos de que o Fed irá cortar as taxas em maio, e muito menos em março”, diz o relatório.

Dados do CME Group mostraram que, após o ‘payroll’, as apostas de manutenção dos juros em março subiram de 60% ontem para 80% hoje, com apenas 20% ainda esperando um corte. Já para maio, as apostas de manutenção dos juros subiram de 6% ontem para 28,2%, enquanto a probabilidade majoritária de um corte caiu de 60% para 58%.

O impacto negativo do payroll não se limitou aos ativos americanos, tendo se espalhado para os demais mercados do globo, como o de títulos europeus. No horário acima, o rendimento do papel de 10 anos da Alemanha avançava a 2,241%, de 2,148%, no fechamento anterior. Já os rendimentos dos gilts britânicos de 10 anos subiam a 3,927%, de 3,750% no último fechamento.

As commodities também foram afetadas pela forte alta do dólar. O petróleo Brent – referência mundial – para abril caia 1,92% a US$ 77,20 por barril enquanto o WTI – referência americana – para março recuava 2,33% a US$ 72,11. Já o ouro com entrega em abril recuava 0,91% a US$ 2.052,1 por onça-troy.

Pela manhã, também foi divulgado o índice de confiança do consumidor dos EUA, que subiu para 79,0 em janeiro. A expectativa para o período de 12 meses caiu de 3,1% a 2,9%. A leitura atual é a mais baixa desde dezembro de 2020 e agora está dentro do intervalo de 2,3-3,0% observado nos dois anos anteriores à pandemia, segundo a Universidade de Michigan. Já a inflação esperada para cinco anos permaneceu em 2,9%.

Operador na bolsa de valores de Nova York (Nyse) — Foto: Michael Nagle/Bloomberg
Operador na bolsa de valores de Nova York (Nyse) — Foto: Michael Nagle/Bloomberg

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