O projeto inaugurado pelo Governo de São Paulo em janeiro de uma usina de energia solar flutuante sobre a represa Billings deve colocar o Brasil entre os maiores atores do mundo no setor.
A UFF (Usina Fotovoltaica Flutuante) Araucária, na zona sul de São Paulo, produz força a partir de painéis solares que flutuam sobre a represa, um método defendido por especialistas como mais eficiente na geração de energia limpa — ainda que com capacidade muito aquém de sistemas tradicionais, como hidrelétricas.
Representantes de órgãos de participação da sociedade civil, porém, afirmam que a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) atropelou processos de controle e prometem acionar o Ministério Público.
O governo instalou 10,5 mil placas solares sobre a represa, com 5 MW de potência (7 MW no pico), que pode produzir até 10 GWh por ano, o suficiente para abastecer 4.000 residências.
Até o fim de 2025, no entanto, essa potência deve ser ampliada até chegar a 80 MW. É esse montante esperado ao final do empreendimento que colocará o projeto entre os maiores do mundo.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) não tem um levantamento específico de usinas flutuantes.
Entre as usinas fotovoltaicas (energia solar) em geral em operação, não só flutuantes, esta pode ser a quarta maior do Brasil ao fim do projeto, atrás apenas de Serra do Mel 1 e 2 (com 137,5 e 103,1 MW, respectivamente), no Rio Grande do Norte, e Sol do Sertão 8 (95,2 MW), na Bahia.
Um levantamento de 2022 da consultoria especializada Solarplaza com as maiores usinas flutuantes do mundo apontou apenas seis delas com potência superior ao projeto anunciado em São Paulo, de 80 MW. Todas estão na China, que tem 78,6% da capacidade de geração em usinas flutuantes do mundo.
A maior usina flutuante nos Estados Unidos, em Nova Jersey, tem 8,9 MW de potência.
São capacidades expressivas, mas distantes da matriz hidrelétrica. Belo Monte, a maior usina do país (excluindo Itaipu, que é binacional), tem potência de 11,2 GW, 140 vezes maior que os 80 MW previstos em SP.
O Brasil está entre os três países com maior potencial para as usinas flutuantes em todo o mundo, segundo a Solarplaza. O potencial de geração de energia no país é de 865 TWh por ano, segundo a empresa, atrás apenas de China (1.107 TWh por ano) e Estados Unidos (1.911 TWh por ano).
O projeto em São Paulo, inaugurado agora, é anterior ao governo Tarcísio e começou com um piloto em fevereiro de 2020, na gestão João Doria (PSDB), com apenas 100 kilowatts de potência.