Nunes reitera desejo por apoio de Bolsonaro em 2024 e diz não ser ‘juiz’ ou ‘polícia’ para julgar ex-presidente | Política – Finanças Global On

Nunes reitera desejo por apoio de Bolsonaro em 2024 e diz não ser ‘juiz’ ou ‘polícia’ para julgar ex-presidente | Política

Pré-candidato à reeleição, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), reiterou nesta quarta-feira (23) o desejo de ter o apoio formal de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições municipais de 2024, apesar de denúncias e suspeitas que recaem contra o ex-presidente, que está inelegível até 2030.

Nunes desconversou sobre as denúncias contra Bolsonaro e disse que não é “juiz” nem “polícia” para julgar o aliado. “Eu sou prefeito, estou ‘prefeitando’. Não sou juiz, ministro do STF [Supremo Tribunal Federal], do STJ [Superior Tribunal de Justiça], não sou polícia. Eu não sou… Quem tem que responder essas ações é ele e o advogado dele”, afirmou o prefeito, ao ser questionado pela imprensa sobre as negociações que tem feito com Bolsonaro, a despeito das suspeitas de irregularidades cometidas pelo ex-presidente.

Durante a entrevista, o prefeito destacou a sua intenção de receber o apoio do ex-presidente e do governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro.

“Só para deixar claro a questão do [ex] presidente Bolsonaro, eu desejo o apoio do [ex] presidente Bolsonaro, do governador Tarcísio, do PP, do PL”, disse Nunes.

“Eu agradeço muito o que o [ex] presidente fez em relação a São Paulo”, declarou, referindo-se à negociação da dívida da cidade com a União durante o governo Bolsonaro. A declaração à imprensa foi feita depois de Nunes participar da abertura do congresso Expo Fenabrave, na capital, ao lado de Tarcísio.

Na segunda-feira, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, no programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, Nunes também reforçou o seu desejo pelo apoio de Bolsonaro na capital paulista. Ao ser questionado se uma aliança com o ex-presidente não seria um “abraço de afogado”, por conta das denúncias envolvendo Bolsonaro, o prefeito ressaltou: “Eu gostaria de ter o apoio do [ex] presidente Bolsonaro, gostaria de ter apoio do Tarcísio, de outras lideranças políticas”, disse. No entanto, procurou afirmar que não é um “bolsonarista raiz”. “Não sei nem o que seria ser bolsonarista. Eu sou ‘ricardista’”, afirmou.

Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O ex-presidente ainda responde a outros processos na corte eleitoral referentes a suspeitas de irregularidades praticadas na campanha de 2022.

Além da esfera eleitoral, estão em curso investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) que tratam, por exemplo, de ações de Bolsonaro durante a pandemia de covid-19, sobre o atos golpistas do 8 de janeiro e, mais recentemente, ele foi citado em apurações sobre esquema de venda irregular de joias recebidas de autoridades estrangeiras.

Nunes tem feito encontros com Bolsonaro em busca de um acordo para 2024. O PL, partido do ex-presidente, negocia para indicar a vice, mas ainda não há um nome de consenso com o prefeito. O Republicanos, partido do governador, também pleiteia o cargo.

Para evitar desgastes com os aliados a um ano do início das eleições municipais, especialmente com o governador, Nunes decidiu postergar a escolha de quem será seu vice. O prefeito articula também com o PSD, PP, Podemos e PSDB.

Na segunda-feira, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a ex-prefeita e atual secretária municipal Marta Suplicy (sem partido), poderia ser um bom nome para a vice. Marta disse que não estuda essa possibilidade e dirigentes do PL de São Paulo e aliados do prefeito reforçaram que dificilmente a ex-prefeita — ex-petista e amiga do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — se filiaria ao mesmo partido de Bolsonaro.

Valdemar teria falado ao prefeito sobre a possibilidade de Marta se filiar a outro partido da base aliada, mas a proposta também não avançou. O presidente do PL tenta garantir espaço na chapa e influência na campanha de Nunes.

A pré-campanha do prefeito ainda tenta calibrar como será a eventual participação de Bolsonaro em 2024. Na capital paulista, o ex-presidente e o governador foram derrotados na disputa eleitoral de 2022. Pesquisas internas feitas pela pré-campanha de Nunes mostram que o ex-presidente não é um bom cabo eleitoral para o prefeito e tira mais votos do que atrai — diferentemente do governador, que atrai mais votos. Nunes, no entanto, tenta obter apoio do ex-presidente para ser o candidato único da direita e do bolsonarismo na capital.

O prefeito terá como seu principal adversário o líder do Psol na Câmara, Guilherme Boulos, que tem apoio do PT e de Lula na disputa paulistana. Também se apresentam como pré-candidatos o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP).

Jair Bolsonaro e o prefeito Ricardo Nunes durante encontro em São Paulo — Foto: Divulgação/PL

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