Juros futuros fecham em queda com IPCA abaixo das estimativas | Finanças – Finanças Global On

Juros futuros fecham em queda com IPCA abaixo das estimativas | Finanças

Para além de um número cheio menor do que o esperado, a abertura dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de agosto trouxe uma composição bastante favorável ao exibir uma desaceleração nos componentes relacionados à inflação de serviços. Neste contexto, os operadores retiraram parcialmente prêmios de risco que vinham sendo embutidos nos juros locais, nos últimos dias, e as taxas fecharam em queda ao longo de toda a estrutura a termo da curva, em especial nos vértices curtos e intermediários.

No fim da sessão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 passou de 12,315% do ajuste anterior para 12,30%; a do DI para janeiro de 2025 recuou de 10,48% para 10,435%; a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,15% para 10,06% e a do DI para janeiro de 2027 cedeu de 10,385% para 10,30%.

A sensibilidade do mercado de juros ao resultado de agosto do IPCA voltou a se mostrar elevada nesta terça-feira. Além do número “cheio” da inflação ter surpreendido positivamente, ao ficar abaixo do piso das estimativas, a dinâmica da inflação de serviços se mostrou menor do que a esperada pelo mercado.

O IPCA avançou 0,23% em agosto, abaixo da mediana de 0,29% das projeções de 36 instituições financeiras e consultorias, ouvidas pelo Valor Data. O número também ficou aquém do piso das estimativas, que iam de 0,24% a 0,40%.

Segundo o economista-chefe da Garde Asset, Daniel Weeks, o número do IPCA foi “inegavelmente bom”, ao mostrar uma melhora importante na dinâmica dos serviços subjacentes, mas não deve ser suficiente para alterar o plano de voo desenhado pelo Banco Central em suas comunicações mais recentes.

“O Banco Central condicionou a possibilidade de acelerar os cortes não só pela melhora na inflação de serviços, mas também por uma melhora adicional das expectativas de inflação e uma abertura do hiato do produto. As expectativas longas estacionaram e vimos um PIB mais forte no segundo trimestre. Pensando nos três fatores que ele citou como mais importantes para a aceleração do ritmo de cortes, um está sendo satisfeito, mas os outros dois não”, afirma.

Para além das incertezas relacionadas ao fiscal, que voltaram a crescer nos últimos dias, o cenário externo também tem se mostrado mais desafiador. Neste contexto, Weeks aponta que alguns bancos centrais emergentes, que promoveram cortes de juros maiores do que o mercado esperava, viram suas moedas exibirem desempenho negativo recentemente.

“Além do Banco Central do Brasil, o Chile veio com uma queda de juros mais forte e a moeda acabou apanhando bastante. Mais recentemente, a Polônia cortou 0,75 p.p., quando o mercado esperava 0,25 p.p., e a moeda também vem sofrendo. O BC deve optar por ser mais cauteloso e vejo como muito baixa a probabilidade de aceleração neste ano”, conclui Weeks. A Garde Asset espera uma taxa Selic em 9% ao fim do ciclo de afrouxamento.

Já segundo a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, o dado de hoje reforça a perspectiva de um corte de juros de 0,75 p.p. na reunião de dezembro. “Além do headline bom, a gente identificou uma abertura muito positiva. Núcleo rodando ao redor dos 0,30%, porém com os serviços subjacentes vindo muito bem. O BC disse que esse é um dos principais elementos para a aceleração do ritmo. Continuo acreditando que haverá esse espaço para um corte de 0,75 p.p. em dezembro e o IPCA de agosto vai muito nessa direção”, diz.

No fechamento da sessão, no mercado de opções digitais de Copom, a probabilidade de um corte de 0,50 p.p. na reunião de dezembro caía de 50% do fechamento de ontem para 45%, enquanto a de um corte de 0,75 p.p. subia de 36% para 41%.

 — Foto: Wi Pa/Pixabay
— Foto: Wi Pa/Pixabay

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