Vítima da Atlas Quantum relata doação de R$ 600 mil da pirâmide ao ex-presidente Jair Bolsonaro | Criptomoedas – Finanças Global On

Vítima da Atlas Quantum relata doação de R$ 600 mil da pirâmide ao ex-presidente Jair Bolsonaro | Criptomoedas

Criador do “grupo Valquíria”, que investiga uma suposta pirâmide financeira da empresa Atlas Quantum, Matheus de Abreu afirmou em depoimento nesta terça-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 600 mil para sua campanha à Presidência de 2018 de pessoas ligadas à empresa.

O que me chamou muita atenção é a doação de R$ 600 mil para Jair Messias Bolsonaro através de advogados e pessoas ligadas à Atlas Quantum”, afirmou, à CPI sobre pirâmides financeiras com criptoativos. Questionado pelo deputado doutor Francisco Costa (PT-PI), ele disse que as doações ocorreram entre 2018 e 2019 e que não sabe se foram registradas.

Bolsonaro declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apenas R$ 4,4 milhões em receitas na eleição de 2018, mas nenhum dos doadores diretos contribuiu com R$ 600 mil. O ex-presidente recebeu R$ 3,7 milhões por financiamento coletivo (o site do TSE está apresentado uma falha e não permite neste momento ver o nome de quem contribuiu).

Abreu prometeu entregar os documentos com as provas à CPI, mas ainda não deu mais detalhes sobre quem seriam os doadores. Ele falou na condição de convocado, por causa de um requerimento de um parlamentar do próprio PL de Bolsonaro, o deputado Luciano Vieira (RJ), e afirmou que recebeu as informações da ex-diretora da Atlas Caroline de Almeida Costa e da ex-mulher do dono da empresa, Beatriz Marques.

“As provas são as conversas com a ex-diretora da Atlas Quantum e a ex-mulher do Rodrigo Marques [dono da Atlas Quantum]”, afirmou, em resposta ao deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que o cobrou a revelar os nomes dos políticos envolvidos.

O presidente da CPI, deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), destacou que a acusação é séria e lembrou o depoente de que ele estava obrigado a falar a verdade. “Você está na condição de vítima, mas isto não te exime de dizer a verdade”, alertou Gaspar.

Abreu disse que é uma vítima do esquema e que perdeu todo seu dinheiro com a Atlas Quantum, então passou a investigar a empresa junto com outras pessoas, mas que as denúncias à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal não avançaram.

“Somente depois de muitas idas e horas de conversas com Beatriz, a mesma informou que talvez poderia saber o motivo dessa morosidade e falta de empenho das autoridades”, disse Abreu. “Os envolvidos no golpe da Atlas Quantum fizeram doações milionárias para campanhas eleitorais, incluindo para campanhas de eleições presidenciais”, afirmou. O depoente sugeriu aos deputados que convocassem Beatriz para checar essas informações.

Segundo ele, a ex-diretora da Atlas Caroline afirmou que “na última conversa que teve com Rodrigo Marques” ele disse que a instauração da CPI o faria “procurar as personalidades que receberam para cobrar as doações feitas, pois as doações não foram feitas sem objetivo”. Ele sugeriu que a comissão a convoque para explicar as acusações.

Além de Bolsonaro, ele citou que o ex-deputado Vinícius Poit (Novo-SP) e o deputado estadual pelo Rio Grande do Sul Fábio Ostermann (Novo) receberam doações de pessoas ligadas à empresa, sem especificar quem são.

Ele citou que o diretor de relações institucionais da Atlas é Felipe Melo França, que trabalhou para diversos deputados – dentre eles, Poit.

Muller declarou que entregaria aos deputados da CPI todas as informações e documentos que conseguiu coletar na condição de vítima da Atlas Quantum. O Grupo Valquíria trabalha com investigação, tentativa de acordo, busca de advogados para a recuperação de valores, entre outros objetivos. “Nosso grupo foi lesado em 850 bitcoins ou R$ 110 milhões. O Grupo Valquíria tem mais de 400 vítimas”, afirmou o depoente.

O Valor procurou a assessoria de Bolsonaro para comentar, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

Ao Valor, o presidente da CPI disse que Abreu fez acusações sérias e que serão aprofundadas com a convocação de Carline e Beatriz, mas que ainda não entregou nenhuma comprovação. “Por enquanto é só fumaça. Precisamos de provas”, disse Áureo.

*Colaborou Ricardo Bomfim

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