Brasil não está nem prevenindo nem reparando emergências climáticas, diz Marina | Brasil – Finanças Global On

Brasil não está nem prevenindo nem reparando emergências climáticas, diz Marina | Brasil

Foi com o exemplo das fortes chuvas em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, no começo do ano, que a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, falou sobre a injustiça climática que penaliza pobres e negros no Brasil deve ser combatida. “São as mulheres chefes de família pretas que morreram soterradas nos morros”, disse nesta segunda-feira (18), durante evento sobre justiça climática, organizado em Nova York (EUA) pelo Instituto de Estudos Latinoamericanos e pelo Centro de Estudos sobre Brasil do Lemann Center, com apoio do Center for Sustainable Development Earth Institute da Columbia University e o Núcleo de Justiça Racial e Direito – FGV Direito SP.

“Os eventos extremos no Brasil são uma realidade e não temos nem um plano para emergências climáticas e nem um plano preventivo para evitar que as vidas sejam perdidas”, disse a ministra, ao citar sistemas de alerta, planos de fuga, treinamento da população e fundos compensatórios para urgências.

Ela contou que seu ministério estuda com o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União declarar emergência climática em 1.038 municípios vulneráveis, hoje, aos revezes do clima, que abrange cerca de 10 milhões de pessoas.

“Estamos tentando convencer a todos para ser decretada a emergência climática para os 1.038 municípios, que teriam um orçamento constante para intervenções, como investimentos em infraestrutura”, disse. Não foi citado o valor de tal medida.

Para Marina Silva, mitigação e adaptação precisam caminhar em paralelo, uma vez que já vivemos os efeitos das mudanças do clima. Para ela, não dá para ignorar a justiça climática na equação do desenvolvimento sustentável. “Não pode deixar uma parte para trás”, disse. Senão, “será insustentável e criará desiquilíbrios maiores”.

Com isso, ela acredita que é preciso enfrentar a realidade concreta e dura e quebrar o que chamou de “inércia dos resultados alcançados”, se referindo ao fato de líderes se vangloriarem de resultados positivos nas pautas socioambientais, mas que não são suficientes. “Primeira coisa que demos fazer é romper a inércia dos resultados alcançados. Nós conseguimos até alguns avanços, mas há um processo de acomodação.”

Segundo Marina, nos oito meses deste ano, até agosto, o desmatamento caiu 48% e 200 milhões de toneladas de gás carbônico foram evitadas de serem lançadas na atmosfera. Ela disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu em fazer com que o desmatamento chegue a zero até 2030. “Mas eu também preciso romper com a inércia dos resultados alcançados. Por mais que eu esteja fazendo e alguém está fazendo, isso não é suficiente.”

A queda de desmatamento, disse, se deve pela experiência que o país já tinha, citando suas contribuições para a questão em gestões anteriores. Também comenta que o governo tem uma agenda da transformação ecológica, que envolve, por exemplo, usar o bilionário Plano Safra como base para a economia de baixo carbono. Mas sem entrar em detalhes sobre o plano orquestrado com o Ministério da Fazenda e que deve ser relevado em detalhes em breve.

“Temos muitas contradições, inclusive da própria sociedade. Temos oportunidade e espaço para um mundo sustentável, mas precisamos saber ouvir, ouvir o saber narrativo, a ciência modela, os povos tradicionais, saberes que precisam se encontrar”, finalizou.

“Os eventos extremos no Brasil são uma realidade e não temos nem um plano para emergências climáticas e nem um plano preventivo para evitar que as vidas sejam perdidas”, disse a ministra, em evento em Nova York — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência O Globo
“Os eventos extremos no Brasil são uma realidade e não temos nem um plano para emergências climáticas e nem um plano preventivo para evitar que as vidas sejam perdidas”, disse a ministra, em evento em Nova York — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência O Globo

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