Auren reverte lucro e tem prejuízo de R$ 838 milhões no 3º tri | Empresas – Finanças Global On

Auren reverte lucro e tem prejuízo de R$ 838 milhões no 3º tri | Empresas

A Auren Energia, empresa formada a partir da reorganização societária dos ativos do grupo Votorantim e do fundo canadense CPP Investiments no setor de energia, registrou prejuízo de R$ 838,1 milhões no 3º trimestre de 2023. O resultado do trimestre do ano passado foi de R$ 230,1 milhões. Os números foram divulgados na noite desta terça-feira (31) após o fechamento do mercado.

A receita líquida somou R$ 1,63 bilhão neste trimestre, alta de 5,8% na comparação com igual etapa de 2022.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 350,1 milhões, queda anual de 30,4%. Já no critério ajustado, que considera o descasamento temporal do recebimento de dividendos das empresas investidas1 e do melhor resultado do segmento comercialização, o Ebitda foi 46,4% superior ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 453,2 milhões. Já a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) ajustada atingiu 27,9%% neste trimestre, ficando 7,7 pontos percentuais acima em relação ao ano passado.

Ao Valor, o diretor-presidente da Auren, Fabio Zanfelice, e o vice-presidente Financeiro e de Novos Negócios, Mário Antônio Bertoncini, explicam que o impacto no lucro no período se deve a um fato extraordinário ocorrido por reconhecimento da tributação sobre a atualização do ganho referente à indenização da hidrelétrica de Três Irmãos, que provocou um efeito negativo no resultado líquido da companhia.

“Apresentamos um prejuízo este trimestre, fruto do pagamento do Imposto de Renda e PIS/Cofins sobre a correção monetária da indenização da usina de Três Irmãos”, diz Zanfelice. Em dezembro de 2022, a empresa teve um lucro líquido excepcional por conta do recebimento de R$ 4,2 bilhões em um acordo judicial com a União referente à reversão de bens não amortizados da hidrelétrica.

“O imposto é desta magnitude porque leva em consideração R$ 1,7 bilhão, que era o valor originalmente publicado pelo governo, passaram-se oito anos e o valor virou R$ 4,2 bilhões e dentro desta correção monetária, a Receita entendeu que deveríamos pagar. Este é um tema que a companhia ainda vai questionar em relação ao governo, pois entendemos que isso é uma indenização e a incidência de impostos não deveria ocorrer (…). Sem o efeito do pagamento de impostos, nosso lucro líquido seria de R$ 200 milhões”, acrescenta.

O principal destaque foi o aumento de 17,7% na geração hidrelétrica em relação ao terceiro trimestre de 2022, em virtude boa condição hidrológica, que encheram os reservatórios das principais usinas que estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), consistente com o aumento de 19,7% nos nove meses de 2023 em relação ao mesmo período de 2022, fato que compensou a frustração eólica, a menor observada na série histórica iniciada em 2011.

A empresa afirma, no entanto, que continua com uma sólida estrutura de capital, com robusta posição de caixa de R$ 4,9 bilhões e alavancagem financeira, medida pela relação Dívida Líquida/Ebitda Ajustado, de 0,7x.

Bertoncini lembra ainda que a empresa comunicou este ano o pagamento de dividendos de R$ 1,50 por ação e a intenção de pagar o mesmo montante até o final de 2023. “Com esta posição de caixa, alavancagem e tudo mais, não é um dividendo decidido pela empresa e pelo conselho, mas está bastante encaminhado”, diz o executivo.

De acordo com a companhia, mesmo com o sistema elétrico funcionando bem, situações como a manutenção da usina de Angra II e o aumento do consumo ocasionado pelas altas temperaturas, decorrentes do fenômeno El Niño, houve o descolamento do preço de curto prazo (PLD, na sigla do setor) do piso regulatório em alguns dias do mês de setembro, fato que elevou o preço médio a R$ 72,73 por Megawatt-hora (MWh), um pouco acima do patamar mínimo regulatório de R$ 69,04 por MWh, o que não ocorria desde setembro de 2022.

No segmento de comercialização, a empresa se mantém como a maior comercializadora do Brasil, movimentando mais de 3 gigawatt-médio de energia. A Auren diz que permanece com a estratégia de manter os níveis de contratação elevados para os próximos 3 anos, mitigando o risco de exposição à queda de preços de energia, em virtude de um cenário hidrológico favorável e, consequentemente, da melhora nas condições de suprimento de energia do SIN.

Para o futuro, a empresa deve colocar em operação dois parques eólicos em fase final de construção: Sol do Jaíba (626 MWp) e Sol do Piauí (58 MWp), projetos que têm capex superior a R$ 2 bilhões.

Fábio Zanfelice, CEO da Auren Energia — Foto: Carol Carquejeiro/Valor.
Fábio Zanfelice, CEO da Auren Energia — Foto: Carol Carquejeiro/Valor.

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