Warren Buffett tinha um público em mente para sua última carta aos acionistas: sua irmã Bertie. Juntamente com a homenagem de Buffett a seu falecido sócio, Charlie Munger, as referências do presidente do conselho de administração e CEO da Berkshire Hathaway à sua irmã deram à carta de sábado um tom familiar que seria inesperado em muitas comunicações corporativas.
Mas elas estavam de acordo com um estilo que Buffett desenvolveu ao longo de mais de meio século de mensagens aos proprietários de ações da Berkshire. “Ao visualizar os proprietários que a Berkshire procura, tenho a sorte de ter o modelo mental perfeito, minha irmã, Bertie”, escreveu ele.
Buffett prosseguiu dizendo que sua irmã é inteligente, sensata e não é boba de ninguém – mas não está pronta para o exame de assessor de investimentos e não se considera uma expert em economia. “Então”, escreveu o famoso investidor, “o que interessaria a Bertie este ano?”
A carta de sábado foi a última de uma série de notas aos acionistas da Berkshire que remonta a 1965, quando sua parceria de investimentos assumiu o controle da empresa. (As primeiras cartas eram assinadas por outras figuras da Berkshire, mas escritas por Buffett).
As cartas traçam a evolução da Berkshire, de uma fabricante de tecidos da Nova Inglaterra em dificuldades a um conglomerado com uma enorme carteira de ações e interesses comerciais que incluem seguros, ferrovias, energia e doces.
Ao longo do caminho, Buffett instruiu os acionistas sobre o funcionamento do setor de seguros, as nuances das regras contábeis e como pensar na avaliação de uma ação. Com a tarefa de explicar assuntos que alguns acionistas poderiam considerar difíceis, Buffett escreveu com a voz de um professor amigável — e às vezes engraçado.
Ele citava Yogi Berra e Mae West, canções country e a Bíblia. Em uma carta de fevereiro de 2007, ele iniciou uma seção sobre transações retroativas de seguros com “Aviso: É hora de comer seus brócolis” e concluiu: “Você não está feliz por eu ter lhe prometido que não haveria teste?”
Os alunos da Berkshire, hoje a sétima maior empresa dos EUA em valor de mercado, recorrem às cartas como uma fonte de educação e sabedoria.
Aqui estão algumas das passagens mais memoráveis: