Em depoimento à PF, Bolsonaro nega ter importunado baleia durante passeio de jet-ski | Política – Finanças Global On

Em depoimento à PF, Bolsonaro nega ter importunado baleia durante passeio de jet-ski | Política

Em depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (27), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter importunado uma baleia-jubarte em São Sebastião, no litoral paulista, em junho de 2023, enquanto pilotava um jet-ski. Segundo a defesa do ex-presidente, Bolsonaro “não sabia” que não podia se aproximar da baleia, mas mesmo assim não “atrapalhou o animal”. Ao defender Bolsonaro, o advogado do ex-presidente afirmou ainda que não é possível “controlar” a baleia.

Bolsonaro é investigado em inquérito que apura se ele importunou uma baleia-jubarte ao pilotar a moto aquática no ano passado, aproximando-se do animal além do que é permitido. Portaria do Ibama determina que embarcações com motor ligado devem manter uma distância mínima de 100 metros de qualquer espécie de baleia. Bolsonaro teria chegado a uma distância de 15 metros, segundo as investigações. A legislação brasileira prevê punição a quem molestar intencionalmente o animal, com pena de até cinco anos de prisão e o pagamento de multa.

O inquérito foi aberto em São Sebastião, mas a oitiva foi realizada na capital paulista, na superintendência da Polícia Federal. Bolsonaro ficou cerca de duas horas na PF, prestou depoimento e não falou com a imprensa. Na semana passada, na quinta-feira, o ex-presidente foi intimado a prestar depoimento em outro inquérito, o que investiga a tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito e associação criminosa durante seu governo, mas ficou em silêncio.

Além de Bolsonaro, o ex-ministro e advogado Fabio Wajngarten, que estava com Bolsonaro no passeio, também depôs à PF.

Ao falar com a imprensa depois do depoimento, o advogado de Bolsonaro, Daniel Tesser, disse que a oitiva foi “tranquila” e que o ex-presidente afirmou “que não houve importunação” à baleia. Segundo o advogado, Bolsonaro assistiu a um vídeo que o mostrava perto da baleia e deu sua versão sobre o que aconteceu.

“Você não consegue controlar um animal daquele tamanho quando surge, ele emerge da água, certo? Então, é exatamente o que aconteceu. O presidente tomou todas precauções a partir do momento em que avistou a baleia, que é o que a lei determina e foi cumprida. Ele também nem sabia que tinha essa proibição, mas mesmo assim, tomou todos os cuidados necessários para não criar nenhum tipo de interferência, que pudesse atrapalhar , interferir”, disse Tesser a jornalistas.

Fabio Wajngarten reclamou de ter sido intimado a prestar depoimento. “Eu estava distante, estava auxiliando uma embarcação que teve pane de motor”, afirmou. “É vergonhosa a necessidade de eu ter que vir aqui prestar depoimento, sendo que eu nem estava próximo ao animal”, disse o assessor do ex-presidente. Para Wajngarten, o inquérito para apurar a importunação à baleia é “mais uma provocação” por ele estar ao lado do ex-presidente na defesa.

Advogado de Wajngarten, Eduardo Kuntz disse que “todos esclarecimentos, da mesma forma foram todos prestados” e defendeu que o inquérito seja encerrado. “Nem deveria ter sido iniciado”, disse.

Do lado de fora da PF em São Paulo, apoiadores do ex-presidente se aglomeraram, na tentativa de ver Bolsonaro, e hostilizaram a imprensa com gritos e ofensas. Por diversas vezes, xingaram os jornalistas durante a entrevista dos advogados.

Bolsonaro está em São Paulo desde sábado, hospedado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a convite do governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-presidente deve ficar hospedado no prédio público até esta quarta-feira (28).

A oitiva do ex-presidente estava marcada para dia 7, em São Sebastião, mas Bolsonaro organizou um ato com apoiadores na cidade do litoral paulista no mesmo dia, para protestar contra o inquérito. Em cima de um carro de som, acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de supostamente interferir e aparelhar as instituições. Bolsonaro disse que a decisão de investigá-lo teria partido “de um cara lá Brasília”, em referência a Lula.

Com a manifestação, o depoimento foi adiado para esta terça-feira, na capital paulista.

Em novembro, Bolsonaro criticou a investigação da Polícia Federal e fez um ataque gordofóbico ao então ministro da Justiça, Flávio Dino, atual ministro do Supremo Tribunal Federal. A PF está subordinada ao ministério agora comandado por Ricardo Lewandowski.

Na ocasião, o ex-presidente associou a imagem de Dino à de uma baleia. “Todo dia tem uma maldade em cima de mim, a de ontem foi que estou perseguindo baleias. A única baleia que não gosta de mim na Esplanada é aquela que está no ministério, é aquela que diz que eu queria dar golpe, mas some com vídeos”, afirmou Bolsonaro, ao discursar a uma plateia de militantes do PL, em evento em Porto Alegre.

Na semana passada, na quinta-feira (22), o ex-presidente foi intimado a prestar depoimento à PF em Brasília, no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito e associação criminosa durante sua gestão, para mantê-lo no poder, em 2022. Bolsonaro recusou-se a falar e manteve-se em silêncio.

No domingo (25), no ato que chamou na avenida Paulista, o ex-presidente reconheceu que sabia da chamada “minuta do golpe”, investigada no inquérito, e citou a acusação de que teria molestado a baleia para afirmar que tem sido perseguido.

“É joia, é questão de importunação de baleia, é dinheiro que teria mandado para fora do Brasil… É tanta coisa que eles mesmos acabam trabalhando contra si”, disse Bolsonaro na Paulista, no domingo, a milhares de apoiadores. Nesta terça-feira, seus advogados voltaram a dizer que o ex-presidente só tomou conhecimento do documento em outubro de 2023, quando, portanto, já tinha deixado a Presidência.

Ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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