Dólar avança 0,86% em março e termina o 1º trimestre acima de R$ 5 | Finanças – Finanças Global On

Dólar avança 0,86% em março e termina o 1º trimestre acima de R$ 5 | Finanças

O dólar comercial encerrou a sessão em alta consistente, quebrando mais uma vez o patamar de R$ 5. A moeda brasileira foi a mais penalizada da sessão, de uma lista de 33 moedas. A postura mais conservadora do Federal Reserve (Fed) e a virada de trimestre e mês, com formação de Ptax, ajudam a explicar o enfraquecimento da divisa brasileira, na avaliação de operadores.

Diante disso, o dólar à vista encerrou a sessão em alta de 0,74%, cotado a R$ 5,0153, depois de ter tocado a mínima de R$ 4,9804 e encostado na máxima de R$ 5,0178. No acumulado de março a moeda americana avançou 0,86%, enquanto no acumulado do ano a valorização chega a 3,35%. Apesar da depreciação ao longo deste mês e da oscilação mais forte hoje, a volatilidade realizada e anualizada do câmbio em março foi a menor para um mês em mais de 10 anos, ficando em torno de 7,11%.

Sobre o euro comercial, a divisa encerrou a sessão em apreciação de 0,36%, a R$ 5,4101. A moeda europeia também exibiu valorização de 0,71% em março, enquanto acumula alta de 0,75% no ano.

O dólar exibiu bom desempenho globalmente, com o índice DXY operando em alta de 0,21%, aos 104,573 pontos, perto das 17h40. Também neste horário, no mercado de derivativos, o dólar futuro para maio avançava 0,55%, a R$ 5,0300.

Na sessão de hoje pesou inicialmente para o câmbio o comentário hawkish do diretor do Fed Christopher Waller. Em evento ontem, ele afirmou não ter pressa em cortar os juros no país. Isso abriu espaço para a abertura da curva de juros nos EUA e para o fortalecimento global da moeda americana.

Após dados mais fracos nos EUA, porém, houve um alívio da pressão do dólar, ainda pela manhã. O movimento se desfez na parte da tarde, quando o dólar voltou a subir globalmente, penalizando especialmente o real e outros pares da América Latina e divisas ligadas a commodities. Na avaliação do operador de câmbio de um grande banco, o fim de mês pode estar ligado com esse movimento mais brusco observado no real na sessão de hoje.

Como amanhã os mercados estarão fechados, a sessão de hoje encerrou o primeiro trimestre, que foi marcado pela valorização do dólar. Leonel de Oliveira Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX, afirma que o principal fator para essa alta forte foi a mudança das perspectivas em relação ao Fed nesses primeiros três meses. “Começamos o ano achando que o primeiro corte de juros nos Estados Unidos viria em março. Só que ao longo do tempo, não só os integrantes do BC americano mostraram um tom mais cauteloso, como os dados econômicos vieram mais fortes”, diz. “Ainda não está claro se esses cortes virão em junho, e mais ajustes de expectativas serão favoráveis ao dólar, por isso é possível que a moeda americana continue em patamar elevado.”

Mattos aponta que não só o real, como outras moedas pares, de mercados emergentes, também sofrem no acumulado do ano. Até março, o dólar avança 0,55% contra o peso colombiano, 3,60% contra o rand sul-africano, 4,91% contra a coroa tcheca, 5,42% frente ao florim da Hungria e 12,46% ante o peso chileno. “Se observarmos o real está no meio da tabela, então não é um movimento exclusivo nosso. O dólar é uma moeda líquida e segura, que está oferecendo rendimento elevado. Fica difícil para emergentes lutar contra ela”. Cabe lembrar que o destaque segue sendo o peso mexicano, com o dólar caindo 2,03% frente a divisa neste ano.

Mas não é só o rendimento elevado dos juros americanos que beneficia o dólar, mas também a força das atividades nos EUA, que tem atraído capital, ainda segundo Mattos. “A economia americana tem um ótimo desempenho e há setores bastante otimistas, como o de tecnologia e o ligado a carros elétricos”, diz. “Como, apesar das incertezas, o mundo vive um processo de desinflação sem entrar em uma grande recessão, há algum sentimento por risco, mas que está se canalizando nos Estados Unidos.”

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