Com decisão judicial sobre dívida, PDG reverte prejuízo e tem lucro de R$ 1,7 bi no 4º tri | Empresas – Finanças Global On

Com decisão judicial sobre dívida, PDG reverte prejuízo e tem lucro de R$ 1,7 bi no 4º tri | Empresas

A incorporadora PDG reportou no quarto trimestre de 2023 lucro líquido de R$ 1,7 bilhão, ante prejuízo de R$ 390 milhões um ano antes. O resultado financeiro foi o principal componente do resultado, com lucro de R$ 2,3 bilhões no período, ante prejuízo de R$ 468,7 milhões, fruto de uma reversão de encargos de dívidas extraconcursais.

A companhia passou por recuperação judicial (RJ) entre 2017 e 2021, e em fevereiro houve uma decisão favorável na Justiça, acerca de questionamentos de credores sobre o saldo residual de dívidas de fora da RJ (extraconcursais). O presidente da PDG, Augusto Reis, afirma que, como são dívidas sem garantia, o plano prevê que elas sejam abarcadas pelas mesmas condições de correção e pagamento das dívidas concursais. Credores tentaram reverter isso, mas a companhia venceu o recurso.

Isso promoveu um recálculo da dívida extraconcursal da PDG, reduzida em 86% no quarto trimestre, para R$ 424 milhões, o que resultou no lucro financeiro.

Apesar de a decisão ter ocorrido em fevereiro, ela incide sobre o balanço do trimestre, afirma Reis.

Por causa disso, a PDG terminou 2023 com lucro líquido de R$ 1,1 bilhão, ante prejuízo de R$ 78 milhões em 2022.

Já o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi um prejuízo de R$ 462,9 milhões no quarto trimestre, em comparação com lucro de R$ 468,7 milhões ao final de 2022. No ano, houve prejuízo de R$ 528,9 milhões, comparado a prejuízo de R$ 57,5 milhões em 2022.

A receita líquida da incorporadora foi de R$ 1 milhão no quarto trimestre, queda de 97%, e de R$ 92 milhões em 2023, recuo de 23%.

A empresa registrou margem bruta de 41,9% em 2023, aumento de 15,6 pontos percentuais.

A PDG terminou o quarto trimestre com patrimônio líquido negativo em R$ 3,3 bilhões, ante valor negativo de R$ 4,9 bilhões em 2022. A dívida líquida da empresa soma R$ 362 milhões, redução de 86% em um ano.

A decisão judicial de fevereiro deve trazer impactos positivos para os próximos balanços da empresa, destaca o diretor de relações com investidores Renato Barboza, porque até então a PDG vinha pagando uma média de R$ 150 milhões por trimestre em despesas financeiras referentes à dívida que teve o pagamento revisto.

A incorporadora voltou a lançar em 2022, após a RJ. Em novembro de 2023 foi feito o segundo lançamento pós-recuperação, com valor geral de venda (VGV) de R$ 116 milhões, o que representa uma queda anual de 94% no VGV lançado.

As vendas líquidas da PDG caíram 62% no quarto trimestre, para R$ 6,6 milhões. No ano, foram R$ 17,2 milhões em vendas líquidas, recuo de 12%.

A velocidade de venda, medida pelo índice de venda sobre oferta (VSO), foi de 3,7% no quarto trimestre, ante 6,8% ao final de 2022.

“Lançamos no meio de novembro e dezembro é mês diferente dos demais, diminuiu a velocidade de venda”, diz Reis. “E obviamente ainda sentimos dificuldades pela própria RJ, mas isso já era esperado”.

Para ajudar a atrair clientes, a companhia antecipou em dois meses o início da construção do projeto lançado em 2022.

A PDG trabalha ainda a venda do seu estoque, que ao final do ano somava R$ 391,4 milhões em VGV, alta de 33% sobre o final de 2022 — 63% do total são unidades prontas.

Fora dessa soma estão oito obras da companhia que estão paralisadas e representam R$ 1,1 bilhão em VGV. “Continuamos trabalhando para encontrar uma solução, seja de retomada da obra ou de venda da SPE (Sociedade de Propósito Específico)”, afirma Barboza.

A incorporadora tem um banco de terrenos avaliado em R$ 4 bilhões em VGV, dos quais R$ 2,2 bilhões estão em áreas que ainda interessam à empresa, em São Paulo e região metropolitana. A companhia busca comercializar os demais terrenos.

Para 2024, Augusto Reis afirma que a PDG deve fazer um lançamento, no segundo semestre. A empresa tem buscado financiamento para as obras no mercado de capitais, via CRIs. O primeiro lançamento, de 2022, já foi feito dessa forma. Por ter ainda um balanço “extremamente desfavorável”, como afirma o presidente, com patrimônio líquido negativo, a incorporadora não consegue acessar linhas de crédito tradicionais dos bancos, pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação). “Essa etapa de mudança no balanço é um grande passo para seguir na desalavancagem e acessar linhas de financiamento melhores”, afirma Reis.

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