Inflação mais baixa no Brasil e nos EUA | Banco Master – Finanças Global On

Inflação mais baixa no Brasil e nos EUA | Banco Master

Artigo assinado por Paulo Gala*

A grande notícia do mês de janeiro foi o crescimento do PIB dos Estados Unidos de 3,3% no quarto trimestre de 2023, superando as expectativas de 2% com inflação medida pelo deflator implícito indicando núcleo próximo de 2%. É uma excelente notícia para a economia americana, com um crescimento anual de 3%, alinhado com a meta de inflação de 2%.

A zona do euro divulgou crescimento do PIB em 0% no quarto trimestre de 2023, evitando uma recessão. A Alemanha, com uma revisão positiva do PIB do terceiro trimestre, também escapou da recessão. Apesar de não enfrentar uma crise como a ocorrida em 2011-2013, a Europa está estagnada, aumentando a probabilidade de cortes de juros no verão europeu.

Se comparada à economia americana, a diferença é evidente, com os Estados Unidos crescendo de forma robusta enquanto a Europa permanece estagnada. Os mercados reagiram positivamente ao crescimento dos EUA. A inflação medida pelo deflator implícito do PIB também veio melhor do que o esperado, impulsionando a alta dos mercados.

O PCE, indicador de inflação da cesta média de consumo dos Estados Unidos, para dezembro foi de 0,2%, conforme esperado. O núcleo do indicador que exclui maiores altas e baixas também registrou 0,2%, em linha com as previsões. No acumulado de 12 meses, o índice cheio ficou em 2,6%, enquanto o núcleo apresentou um leve recuo em relação às expectativas de 3%, ficando em 2,9%.

Todas as Bolsas americanas atingiram máximas históricas em janeiro, também impulsionadas pelo rali do setor de tecnologia, com boas notícias do setor de chips, semicondutores e inteligência artificial. A Bolsa japonesa também atingiu máxima histórica, a 36.546 pontos, bem como a Bolsa europeia Euro Stoxx, a 4.662 pontos.

No Brasil, a inflação medida pelo IPCA-15 de janeiro apresentou uma alta de 0,31%, abaixo das expectativas, que eram de 0,47%. Em 12 meses, o IPCA acumula 4,47%, enquanto a expectativa era de 4,53%. Os preços do setor de serviços tiveram uma queda de 0,11%, destacando-se a redução nas passagens aéreas e nos combustíveis devido à diminuição de preços pela Petrobras.

No cenário nacional, a expectativa é de mais cortes de 0,5% na Taxa Selic nas próximas reuniões, possivelmente trazendo-a para 9% até o final deste ano. O real tem se valorizado nos últimos dias, recuperando parte das perdas iniciais da última semana.

Vale destacar também o resultado fiscal brasileiro divulgado em janeiro, com déficit primário de R$ 230 bilhões no ano passado, sendo influenciado por precatórios que totalizaram cerca de R$ 90 bilhões. O déficit primário, desconsiderando precatórios, atingiu 1,3% do PIB, parcialmente causado pela PEC de transição. Destaque para o Bolsa Família, que ultrapassou R$ 150 bilhões anuais.

A grande expectativa no mundo permanece em relação ao momento do corte de juros nos Estados Unidos. O mercado coloca hoje uma probabilidade de 50% de cortes em março e 50% de cortes em maio.

O rali nas Bolsas mundiais pode impactar positivamente o Brasil, mas as decisões dos bancos centrais, os indicadores de atividade e a evolução dos mercados internacionais continuarão sendo fatores determinantes.

  • EUA com crescimento robusto: PIB dos Estados Unidos cresceu 3,3% no quarto trimestre de 2023, superando expectativas de 2%
  • Inflação nos EUA melhor do que o esperado: inflação medida PCE para dezembro registrou 0,2%, em linha com previsões. Índice cheio acumulado de 12 meses em 2,6%, núcleo ligeiramente abaixo das expectativas, ficando em 2,9%
  • Recordes nas Bolsas mundiais: todas as Bolsas americanas atingiram máximas históricas em janeiro. Destaque para o rali do setor de tecnologia, com boas notícias em chips, semicondutores e inteligência artificial
  • IPCA-15 de janeiro no Brasil apresentou alta de 0,31%, abaixo das expectativas. Expectativa de mais cortes de 0,5% na Taxa Selic nas próximas reuniões, possivelmente chegando a 9% até o final do ano
  • Expectativa no mercado quanto ao momento do corte de juros nos Estados Unidos. Probabilidade de 50% de cortes em março e 50% em maio

* Economista-chefe do Banco Master de Investimento. Graduado em Economia pela FEA USP, Gala é mestre e doutor em Economia pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo, instituição em que leciona desde 2002 e na qual foi coordenador do Mestrado Profissional em Economia e Finanças, entre 2008 e 2010. Foi pesquisador visitante nas universidades de Cambridge (RU) e Columbia (NY) e atuou como economista-chefe, gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo.

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