A resposta precoce e firme do Brasil ao aumento da inflação durante a pandemia é um bom exemplo de que decisões de políticas ágeis podem compensar, segundo a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
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“O Banco Central do Brasil foi um dos primeiros bancos centrais a elevar a taxa de juros, e depois a afrouxar a política à medida que a inflação recuou de volta em direção ao intervalo da meta”, afirma ela, em texto para o blog do FMI em que trata da agenda do G20, que reunirá em São Paulo nesta semana os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais.
O G20 reúne as 19 principais economias do mundo, além da União Europeia (UE) e da União Africana. Georgieva, que virá à capital paulista, também classificou como “histórica” a reforma tributária aprovada pelo Congresso brasileiro no fim de 2023.
A diretora-gerente do FMI diz que o G20 tem uma oportunidade importante de mudar o foco de apagar incêndios contra choques sucessivos para “uma agenda de médio prazo que apoie um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo”.
Segundo Georgieva, após vários anos de choques, o FMI espera uma expansão da economia mundial de 3,1% neste ano, com a inflação caindo e os mercados de trabalho se sustentando. “Esta resiliência fornece uma fundação para alterar o foco para as tendências de médio prazo que moldam a economia global”, escreve Georgieva.
A diretora-gerente do FMI destaca que algumas tendências, como a inteligência artificial, trazem a promessa de aumentar a produtividade e melhorar as perspectivas de crescimento, um ponto muito importante. Ela lembra que as projeções do Fundo de médio prazo recuaram para o nível mais baixo em décadas, algo que afeta especialmente economias emergentes e em desenvolvimento.
Esses países passaram bem por sucessivos choques globais, apoiados por arranjos institucionais e de políticas mais fortes, mas as estimativas de expansão mais fraca tornaram mais distantes a convergência para os países desenvolvidos, afirma Georgieva.
Ela também aponta outros fatores que contribuem para tornar mais complexo o cenário global. Um deles é a fragmentação geoeconômica, que está se aprofundando, à medida que os países mudam o comércio e os fluxos de capitais, nota Georgieva. Além disso, os riscos climáticos estão aumentando e já afetam o desempenho econômico.
Para Georgieva, os bancos centrais focam corretamente em terminar a tarefa de trazer a inflação de volta às metas, algo especialmente importante para famílias pobres e países de baixa renda que foram desproporcionalmente afetados pelos preços elevados. “Mas o progresso bem vindo na redução da inflação significa que a questão de quando e quanto baixar os juros terá que ser cuidadosamente considerada pelos principais bancos centrais neste ano”, diz Georgieva.