O Brasil tem uma oportunidade histórica no momento atual, disse o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, em evento de lançamento do Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial – Eco Invest Brasil, que vai operacionalizar hedge cambial de longo prazo. “Há um movimento global de realocação de cadeias produtivas e essas escolhas estão acontecendo neste momento”, disse.
Segundo Ceron, “no caso brasileiro a poupança doméstica não vai dar conta de todo o esforço necessário e é fundamental atração de poupança externa ao país”.
“Tivemos movimento importante por parte de agências de rating e um novo marco fiscal, isso ajuda lá na frente, mas até lá precisamos resolver a questão de atração de investimento externo.”
Conforme o dirigente, “precisamos ajudar as companhias brasileiras a captar em moeda forte com risco menor”. O programa, na avaliação de Ceron, é “para que o Brasil, de fato, seja uma escolha nesse processo de realocação de cadeias globais”.
A transição para uma economia de baixo carbono se revela uma grande oportunidade para o Brasil, afirmou. Segundo o dirigente, “o momento de aproveitar essa janela é agora”.
Ceron explicou que a iniciativa se insere em uma visão de que é preciso o país aproveitar essa oportunidade. “Para que isso seja possível temos de enfrentar alguns desafios de economias emergentes”, avaliou.
O secretário citou a baixa participação do capital privado em projetos de transição ecológica nos emergentes. Outra questão é a maior volatilidade cambial quando comparada a moedas de economias avançadas e o alto custo de capital. “No processo de decisão de alocação [do capital estrangeiro], o custo continua elevado devido a uma baixa disponibilidade de liquidez de instrumentos de hedge cambial.”
Ceron citou que nos países desenvolvidos o capital privado responde por 80% dos investimentos em projetos sustentáveis. Na média dos emergentes, o percentual fica em 14%. No caso do Brasil, a taxa é ainda menor, de 6% de participação do setor privado.
A volatilidade cambial de economias emergentes tem correlação negativa em atração de investimentos externos, ponderou o secretário do Tesouro. “Isso acaba gerando insegurança e reduz o apetite de investimento externo no país.”
O dirigente ressaltou que o Brasil tem uma matriz energética limpa e com potencial de expansão. “Precisamos utilizar essa vantagem competitiva para atrair a realocação de cadeias globais nessa agenda de transformação ecológica.”
O programa lançado, disse, “é de mobilização de capital privado”. Para instrumentalizar essa proposta, a inciativa vai criar quatro linhas para ajudar as companhias a poderem contratar dívida externa protegida e atrair o “equity” do capital externo para o país.