O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) subiu 0,78% em fevereiro, após alta de 0,31% em janeiro. O resultado ficou abaixo da mediana do mercado para o indicador, que era de 0,81%, segundo consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, mas também um pouco acima dos 0,76% de fevereiro de 2023.
Mas o que é o IPCA-15 e o que esse resultado de fevereiro significa para a economia daqui para a frente?
O IPCA-15 é chamado de a prévia da inflação no país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O IPCA é o indicador de referência para a meta de inflação oficial no país, definida pelo governo, através do Conselho Monetário Nacional (CMN). O governo define este objetivo de inflação, ou seja, o número que se espera alcançar em determinado ano, e esse trabalho fica à cargo do Banco Central (BC) – que conta com a taxa de juros para isso.
IPCA-15 e IPCA têm quase a mesma metodologia de cálculo: os dois índices medem a variação dos preços, com foco na cesta de consumo das famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos.
Diferenças entre IPCA e IPCA-15
Existem, no entanto, duas diferenças principais: o período de coleta dos preços e a abrangência geográfica.
No caso do período de coleta, enquanto o IPCA acompanha os preços em um mês calendário, ou seja, em todos os dias de um determinado mês, e compara com os preços do mês anterior, o IPCA-15 faz a coleta de preços entre a segunda metade de um mês e a primeira metade do seguinte, e compara com os preços de igual período imediatamente anterior.
Para o cálculo do IPCA-15 de fevereiro, por exemplo, essa coleta ocorreu entre 16 de janeiro a 15 de fevereiro de 2024 (referência) e os preços foram comparados com aqueles vigentes de 15 de dezembro de 2023 a 15 de janeiro de 2024.
A outra diferença é onde essa coleta de preços é feita. O IPCA tem uma abrangência geográfica mais ampla: são dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília. Já o IPCA-15 engloba apenas nove regiões metropolitanas e duas cidades (Brasília e Goiânia).
Apesar dessas diferenças, o IPCA-15 é considerado uma espécie de “farol” do resultado do IPCA, ou seja, traz sinais de qual deve ser o desempenho do indicador oficial de inflação do país, tanto do seu número principal quanto do perfil desse número, com o comportamento de seus grupos.
A maior pressão para a alta dos preços do IPCA-15 em fevereiro veio de educação – que subiu 5,07%, com influência de 0,30 ponto percentual na taxa de 0,78% do índice geral, ou 38,5% da alta. Apesar de educação ser um serviço, a alta de fevereiro se deve a um fator sazonal: tradicionalmente os preços do grupo sobem mais no mês por causa do início do ano letivo. Esse efeito tende a se dissipar logo, por isso preocupa menos os economistas.